POEMA

DE CADA VEZ QUE UM GOVERNO...


De cada vez que um governo necessita de segredos,
por segurança do Estado
ou para melhor êxito
nas negociações internacionais,
é o mesmo que negar,
como negaram sempre desde que o mundo é mundo,
a liberdade.

Sempre que um povo aceita que o seu governo,
ainda que eleito com quantas tricas já se sabe,
invoque a lei e a ordem para calar alguém,
como fizeram sempre desde que o mundo é mundo,
nega-se
a liberdade.

Porque, se há algum segredo na vida pública
que todos não podem saber
é porque alguém, sem saber,
é o preço do negócio feito.
E se há uma ordem e uma lei que não inclua
mesmo que seja o último dos asnos e dos pulhas
e o seu direito a ser como nasceu ou o fizeram,
a liberdade
é uma farsa,
a segurança
é uma farsa,
a ordem é uma farsa,
não há nada que não seja uma farsa,
a mesma farsa representada sempre
desde que o mundo é mundo,
por aqueles que se arrogam ser
empresários dos outros
e nem pagam decentemente
senão aos maus actores.

Jorge de Sena

2 comentários:

Antonio Lains Galamba disse...

o pior é que os maus actores são, no coração do imperialismo, aqueles a quem a alienação da maioria aplaude. são também aqui os maus actores maioritários. e depois gabam-se, e justificam-se com as maiorias absolutas! têm e dão a escola toda, estes impostores!

Fernando Samuel disse...

antonio lains galamba: os maus actores tem sempre péssimos aplausos...
Um abraço.