POEMA

CALABOUÇO


I
Aqui
onde nem um pide nos ouve
a gritar no dialecto nacional dos oprimidos
os mais fantásticos sonhos

construímos
com o invisível material da esperança
a realidade universal dentro
do povo lá fora!

II
Pátria:
por causa de nós os dois
o único alguém a cheirar o cheiro
do seu próprio medo
é o carcereiro.

Pátria:
o nosso próprio receio
leva-nos ao cúmulo da fúria
mas ao carcereiro o próprio medo
fabrica para toda a polícia
o auge do desespero.


José Craveirinha

8 comentários:

Maria disse...

Mais um belo poema do Craveirinha.
Obrigada pela partilha.

Um beijo

Maria disse...

Queria ter dito "poema de luta e também resistência do Craveirinha".

E outro beijo

Anónimo disse...

Esta poesia tem o peso da consciência de uns e da dignidade de outros.
É uma poesia de peso!
É josé Craveirinha, no seu melhor!
Abraço

Ana Camarra disse...

Pronto, mais um!

Obrigado, muito obrigado


beijos

Fernando Samuel disse...

maria: disseste tudo.
Um beijo grande.

poesianopopular: sem dúvida.
Um abraço.

ana camarra: e outros se seguirão...
Um beijo.

samuel disse...

Como é que uma "coisa" destas não havia de meter medo aos carcereiros? Quando tentam prender o pensamento, eles sabem que estão a prender dinamite misturada com sol e liberdade, uma mistura que pode explodir a qualquer momento...

Anónimo disse...

apoesia é uma arma poderosa.

Fernando Samuel disse...

samuel: o medo do pensamento, da razão, da dignidade, das convicções firmes... de tanta coisa...
Um abraço.

antuã: é uma das nossas armas...
Um abraço.