POEMA

SOLIDARIEDADE


Vamos, dêem as mãos.

Porquê esse ar de eterna desconfiança?
esse ,medo, essa raiva?
Porquê esssa imensa barreira
entre o Eu o Nós na natural conjugação do verbo ser?

Vamos, dêem as mãos.

Para quê esses bons-dias, boas-noites,
se é um grunhido apenas e não uma saudação?
Para quê esse sorriso
se é um simples contrair de pele e nada mais?

Vamos, dêem as mãos.

Já que a nossa amargura é a mesma amargura,
já que a miséria para nós tem as mesmas sete letras,
já que o sangrar dos nossos corpos é o vergão da mesma chicotada,
fiquemos juntos,
sejamos juntos.
Porquê esse ar de eterna desconfiança?
esse medo, essa raiva?

Vamos, dêem as mãos.


Mário Dionísio

6 comentários:

samuel disse...

A volta que o mundo dará...

Abraço.

Maria disse...

Tomar consciência é preciso...
Por aqui damos as mãos.

E um beijo grande

rapariga do tejo disse...

Magnífico poema!!!

Dar as mãos é preciso...

Amanhã é um novo dia!

Mil beijinhos de mãos dadas :)

Sílvia disse...

Lindo!!
(Onde vais "desencantar" poemas tão belos?!)
:)))
beijos,
Sílvia

Ana Camarra disse...

Agarra já na minha!

Beijo do tamanho do mundo!

Fernando Samuel disse...

samuel: é por isso que «dar as mãos» é tão difícil...
Um abraço.

Maria: e chegaremos a outras mãos...
Um beijo grande.

rapariga do tejo: todas as mãos - com muitos beijos de mãos dadas...

Sílvia MV: Mário Dionísio é um grande poeta, infelizmente muito esquecido.
Um beijo.

Ana Camarra: assim se começa, até chegarmos às mãos todas...
Um beijo.