MAIS UM GOLPE...

Os jornais de hoje - todos - tratam como era esperado tratarem, o golpe de estado militar que depôs e exilou o Presidente das Honduras, Manuel Zelaya.
Como caninos obedecendo à voz do dono, eles repetem-se quer na relevância dada aos acontecimentos - que remetem para as páginas interiores - quer no seu conteúdo, que pode resumir-se assim: o referendo era «ilegal», logo o golpe foi «legal».
É sintomática, igualmente, a preocupação comum a todos eles de ilibar os EUA de quaisquer responsabilidades no golpe e de sobrevalorizar as declarações chapa 1 de Obama - assim como quem diz que os EUA nada têm a ver com o golpe...

Em causa está, obviamente, um golpe militar - mais um! - feito à imagem e semelhança de dezenas de outros que na América Latina, ao longo da história, foram perpetrados contra governos que, eleitos democraticamente, levavam por diante, legitimamente, políticas que tinham como preocupação primeira servirem os interesses dos seus povos e não os interesses dos EUA.
Daí a participação activa dos vários governos norte-americanos na organização e, por vezes, na própria concretização desses golpes que, amiúde, foram acompanhados de sangrentas matanças.

Dir-se-á (e já houve quem dissesse) que também as forças anti-imperialistas recorreram ao golpe militar para ascenderem ao poder...
E é verdade.
Com uma diferença significativa: é que essas tentativas de golpe ocorreram, sempre, em países dominados por ditaduras - por sinal, todas instaladas e (ou) apoiadas pelos EUA...

Não têm razão de ser, portanto, as «dúvidas» dos analistas sobre a quem é que serve o golpe de estado das Honduras: dêem-lhe as voltas que derem - e mesmo invocando os golpes que condenam - em última análise, como a História nos mostra, qualquer golpe militar levado a cabo em qualquer país da América Latina ou é contra ou é a favor do domínio dos EUA nesse país.
Tirem, então, as conclusões sobre a quem interessa e quem levou a cabo o golpe militar que depôs o Presidente Manuel Zelaya...

8 comentários:

samuel disse...

Não há grande volta a dar-lhe.
Sem querer ser "teimoso", quantas vezes é que os EUA admitiram o seu apoio aos outros golpes militares? Assim que eu esteja a ver...

Abraço.

Maria disse...

Só não vê quem não quer ver. Porque até os cegos vêem.

Um beijo grande

Antuã disse...

Esperemos que este golpe seja derrotado.

Leão disse...

Mas algo está a mudar. A resposta de ALBA mostra que já são muitos a dizerem NÃO ! Nicarágua, Venezuela, Cuba , Equador, Bolívia e muitos mais se levantam contra o Imperialismo e dizem: Novo CHILE Nunca Mais !
Leão

filipe disse...

Inteiramente de acordo.
É necessário abrirmos espaço para as acções de solidariedade com a luta do povo hondurenho contra os golpistas.
A par da denúncia e desmascaramento das declarações hipócritas de Hillary Clinton e Barak Obama, empenhados em esconder o óbvio - a mão do imperialismo por detrás do golpe.
Um abraço.

Ana Camarra disse...

As conclusões à medida dos interesses!

beijos

Anónimo disse...

O golpe perpetrado nas Honduras é um acto de atropelo à inconstitucionalidade e à vontade popular. Estes acontecimentos não só sufocam a dignidade do povo hondurenho, como também também agride a comunidade internacional.
Abraço

Fernando Samuel disse...

samuel: talvez... nenhuma...
Um abraço.

Maria: mesmo os que não querem ver, vêem...
Um beijo grande.

Antuã: estou convicto de que vai ser derrotado.
Um abraço.

Leão: e essa é uma mudança determinante naquela região - e com reflexos em todo o mundo.
Um abraço.

filipe: neste momento, a solidariedade internacional é fundamental.
Um abraço.

Ana Camarra: «concluir» é fácil...
Um beijo.

Ludo Rex: é um acto criminoso e reaccionário.
Um abraço.