O ESPECTÁCULO COMEÇOU

Os partidos da política de direita preparam-se para dar mais um golpe na Constituição da República Portuguesa.
Mais um a juntar aos sete golpes que foram as anteriores sete revisões.

Registe-se que a Constituição Portuguesa ocupa o 1º lugar no ranking europeu (ou mundial?) das constituições mais vezes revistas.
Registe-se igualmente que as sete revisões cometidas até agora caracterizaram-se, todas, por dois traços essenciais:
1 - todas foram o resultado de acordos entre o PS e o PSD; e
2 - todas roubaram significativos pedaços de Abril à Lei Fundamental do País.

E é isso que PS e PSD se preparam para fazer uma vez mais.
O espectáculo começou: os actores deram início às habituais representações burlescas com que usam anteceder as revisões.
Como sempre, começaram por exibir «divergências» e «desacordos», cada um fingindo não querer o que, de facto, ambos querem.

Ontem, Sócrates «desafiou o PSD a apresentar de imediato uma proposta concreta de revisão constitucional».
Grande desafio! - ou seja: grande estímulo a que o PSD avance com o trabalho de casa para o PS, depois, aprovar...
Isto, não obstante a veemência de Sócrates ao «exigir» que a proposta do PSD não seja para pôr o neo-liberalismo na Constituição - porque, para isso, declamou Sócrates em voz de falsete, «para isso não contem comigo nem com o PS». - expressão que, traduzida à luz do que aconteceu nas anteriores revisões, significa: «Para isso contem comigo e com o PS»...

Passos Coelho, também ele cumprindo fielmente o guião estabelecido - e enfarpelado qual manequim de montra da Rua dos Fanqueiros - respondeu garantindo a Sócrates que... qual neo-liberalismo qual coisa!, nem pensar nisso!, nem ele nem o PSD têm ideias neo-liberais, eles são é sociais-democratas e mais nada.
E, sabendo que pode contar com Sócrates e com o PS tanto quanto Sócrates e o PS podem contar com ele, lembrou, cirúrgico, que nas anteriores revisões o PS esteve sempre de acordo com as propostas apresentadas pelo PSD - concluindo triunfante: e com isso «foi o país que ganhou».

O país do grande capital, obviamente, que é o único que PS/Sócrates e PSD/Coelho conhecem.

6 comentários:

Maria disse...

São uns artistas ensaiando já as respectivas performances na AR. É mais uma frente de LUTA para nós...

Um beijo grande.

samuel disse...

É um verdadeiro número de revista de quinta categoria.
Vejo que ambém te imaginas passeando na Rua dos Fanqueiros quando o Passos fala!... Ainda bem! Podia tratar-se de alguma alucinação minha... :-)

Abraço.

Graciete Rietsch disse...

Têm mesmo uma grande "lata". Não costumo, mas hoje apetece-me usar um termo destes.Grandes burlões!!!!!!!
Um beijo.

Antonio Lains Galamba disse...

um é a farinha do bolo do neo-liberalismo. o outro o fermento...

abraço

Pintassilgo disse...

Há palhaços e palhaços. Estes não têm dignidade nhenhuma.

svasconcelos disse...

Actores, é o que são! Isto para evitar denominá-los de mentirosos (que também são...).
E andamos neste "teatro", de facto neo-liberal, há tantos anos!
beijo,