POEMA

CAFÉ


XXXV


(Pastoral escrita de propósito para uma canção de protesto
de Fernando Lopes-Graça que mantém, inflexível, um coro
de canções populares e revolucionárias.)


Ó pastor que choras,
o teu rebanho onde está?
- Deita as mágoas fora,
carneiros é o que mais há.

Uns de finos modos,
outros vis por desprazer...
Mas carneiros todos
com carne de obedecer.

Quem te pôs na orelha
essas cerejas, pastor?
São de cor vermelha,
vai pintá-las de outra cor.

Vai pintar os frutos,
as amoras, os rosais...
Vai pintar de luto
as papoilas dos trigais.


José Gomes Ferreira

7 comentários:

Graciete Rietsch disse...

José Gomes Ferreira ainda viu o levantar do luto. Mas o vermelho, para o qual ele tanto contribuiu, também chegará!!!!!!!!

Um beijo.

samuel disse...

É sempre a mesma coisa... fica-se a cantar... :-)

Abraço.

poesianopopular disse...

Já esteve mais perto, mas tambem , já esteve mais longe!
Sendo assim ...! a luta continua.
Abraço

CRN disse...

Queiram eles ou não!


Abraço

Mário

Maria disse...

Fortíssimo!
Como todos os que sabemos de cor e cantamos com o coro...

Um beijo grande.

Justine disse...

Já me puseste a cantar:))) Tão belo!

Fernando Samuel disse...

Graciete Rietsch: inevitavelmente.
Um beijo.

samuel: não há volta a dar-lhe...
Um abraço.

poesianopopular: essa é a grande verdade.
Um abraço.

CRN: querer não queram - mas nós queremos.
Um abraço.

Maria: esse imenso coro que somos nós...
Um beijo grande.

Justine: quem é que resiste?
Um beijo.