POEMA

(E o vento trouxe este coro de presos
do Aljube.)


«Ouve, Noite:
só nós, os que não acreditamos no céu,
tivemos coragem de gritar a esta carcaça a fingir de vida:
NÃO!

Nós, sem morte nem mundo,
para aqui a apodrecer nas tumbas do sol secreto
e a sonhar com um céu para os outros na Terra
que só o ódio vê.

E é esta a nossa guerra.
E é esta a nossa fé.»


José Gomes Ferreira

3 comentários:

Justine disse...

O poeta da fúria e da indignação!

Graciete Rietsch disse...

A nossa fé, a nossa esperança e a nossa luta, são a confiança no futuro que queremos construir.

Um beijo.

Fernando Samuel disse...

Justine: é isso.
Um beijo.

Graciete Rietsch: e que construiremos, custe o que custar.
Um beijo.