VASCO, NOME DE ABRIL (2)

É muito o que devemos ao Companheiro Vasco, é grande a dívida de gratidão que temos para com ele - uma dívida tanto maior quanto grandes são as diferenças entre esse tempo novo de Abril e este tempo velho de política de direita, este tempo de impiedoso ajuste de contas com os ideais e os valores de Abril e as conquistas da sua Revolução.

À política dos governos do primeiro-ministro dos trabalhadores e do povo - que tinha como referências primordiais o respeito pelos direitos e interesses da imensa maioria dos portugueses - sucedeu, desde há 35 anos, desde o primeiro governo PS/Soares até hoje, a política que tem como único e exclusivo objectivo servir, com fidelidade canina, os interesses da imensa minoria de portugueses: os grandes grupos económicos e financeiros.

À política que visava a eliminação das desigualdades e injustiças sociais, sucedeu esta política dos soares, cavacos, guterres, barrosos, sócrates, coelhos & portas, que acentuou e gerou novas e profundas desigualdades e injustiças.

À política patriótica e de defesa da independência nacional, sucedeu esta política de sujeição servil ao imperialismo norte-americano e à sua sucursal que dá pelo nome de União Europeia.

À política de paz, que pôs termo às guerras coloniais e proclamou a solidariedade com todos os povos, sucedeu esta política de envolvimento de Portugal em criminosas guerras de ocupação colonialista que tornam os governos portugueses co-responsáveis no assassinato de centenas e centenas de milhares de homens, mulheres e crianças inocentes.

Em resumo: a democracia de Abril, progressista, avançada, moderna, participada, virada para o futuro, do povo e para o povo - e da qual o Companheiro Vasco foi um dos grandes construtores - foi substituída por esta «democracia» conservadora, recuada, velha, virada para o passado, do grande capital e para o grande capital - esta «democracia» de fachada, de faz-de-conta, cada vez mais carenciada de conteúdo democrático, para a qual Abril é um pesadelo e o passado de opressão e exploração, um sonho.

Dito de outra forma: o regime democrático nascido da Revolução de Abril, moldado de acordo com os interesses da imensa maioria dos portugueses e consagrado na Constituição da República Portuguesa, foi substituído por este regime de política única executada por um partido único bicéfalo, fora da Lei Fundamental do País, moldado ao sabor dos interesses exclusivos do grande capital - o qual, em muitos casos, é representado pelos mesmo grupos que foram o sustentáculo do regime fascista.

É contra o tempo velho do presente e relembrando o tempo novo de Abril que, amanhã, sábado, iremos homenagear a memória do Companheiro Vasco.
Garantindo-lhe que a luta continua.
Por Abril.

6 comentários:

Graciete Rietsch disse...

O companheiro Vasco acompanha-nos em todas as nossas lutas. Nunca o esqueceremos.

Um beijo.

Maria disse...

Que saudades do Companheiro Vasco...

Um beijo grande.

samuel disse...

Estarei em espírito... trabalhando noutro lugar.

Abraço.

Antuã disse...

Vasco, a força libertadora que continua.

Anónimo disse...

Fernando Samuel
Que texto tão verdadeiro e tão interessante no dia de Portugal (deles) e quando nas comemorações (deles) discursou o PR pedindo à juventude que volte ao campo. No entanto (deve ter sido por desconhecimento) antes do PR discursou o ratinho que roeu toda a Reforma Agrária que encheu os campos de gente trabalhadora como o PR agora pede. Tanta hipocrisia parece mal mas eles até não se importam e ninguém os leva presos por eles dizerem o que dizem.
Vitor sarilhos

Anónimo disse...

São muito poucos os que hoje o recordam, mas na história foi sempre um pequeno número que fez a diferença.

Por isso, acreditando que a história é um ciclo que se repete, digo estas palavras que ouvi e aprendi do passado:

«Vasco Voltará!»

«Vasco Vencerá!»

(Jorge)