POEMA

CANÇÃO DE GUERRA


Aos fracos e aos covardes
não lhes darei lugar
dentro dos meus poemas.
Covarde já eu sou.
Fraco, já o sou demais,
e se entre fracos for
me perderei também.

Quero é gente animosa
que olhe de frente a Vida,
que faça medo à Morte.
Com esses quero ir,
a ver se me convenço
de que também sou forte.
Quero vencer os medos...
Vencer-me - que sou poço
de estúpidos terrores,
de feminis fraquezas.
Rir-me das sombras, rir-me
das velhas ondas bravas,
rir-me do meu temor
do que há-de acontecer.

Venham comigo os fortes...
Façam-me ter vergonha
das minhas covardias.
E de seus actos façam
(seus actos destemidos)
chicotes prós meus nervos.
Ganhe o meu sangue a cor
das tardes das batalhas.
E eu vá - rasgue as cortinas
que velam o Porvir.
Vá - jovem, confiado,
cumprindo o meu destino
de não ficar parado.


Sebastião da Gama

6 comentários:

josé Manangão disse...

Assim pensava o poeta da "Serra Mãe"
Abraço

samuel disse...

Escolher bem as "companhias" foi sempre um grande e importante passo.

Abraço.

Maria disse...

'Seja bem vindo quem vier por bem'!

Um beijo grande.

GR disse...

Este poema é uma boa reflexão, para os dias de hoje.

Bjs,

GR

Graciete Rietsch disse...

Os verdadeiros resistentes não deixarão de estar presentes nas lutas que forem necessárias. E,das suas aparentes fraquezas, grande força farão.

Um beijo.

Maria João Brito de Sousa disse...

Tenho sempre dificuldade em comentar os poemas do Cravo de Abril. São sempre tão bons e tão bem escolhidos que me vão deixando sem palavras...