POEMA

SONETO IMPERFEITO DA CAMINHADA PERFEITA


Já não há mordaças, nem ameaças, nem algemas
que possam perturbar a nossa caminhada,
em que os poetas são os próprios versos dos poemas
e onde cada poema é uma bandeira desfraldada.

Ninguém fala em parar ou regressar,
ninguém teme as mordaças e as algemas.
- O braço que bate há-de cansar
e os poetas são os próprios versos dos poemas.

Versos brandos... Ninguém mos peça agora.
Eu já não me pertenço: sou da hora.
E não há mordaças, nem ameaças, nem algemas

que possam perturbar a nossa caminhada,
onde cada poema é uma bandeira desfraldada
e os poetas são os próprios versos dos poemas.


Sidónio Muralha

5 comentários:

Justine disse...

Muito belo e cheio de força!

Olinda disse...

Versos brandos...ninguém mos peça agora.É isso mesmo,a hora é de raiva.

Fernando Samuel disse...

Justine: foi uma arma no combate ao fascismo.
Um beijo.

Olinda: a hora é de raiva, logo de luta...

Graciete Rietsch disse...

É uma grande arma de luta este poema de Sidónio Muralha na perfeita caminhada contra o fascismo que continua a perseguir-nos.

Um beijo.

Maria João Brito de Sousa disse...

Caramba!!! Não costumo gostar muito dos sonetos pouco melódicos que se estendem para além da métrica rítmica, mas este é uma excepção. O Sidónio Muralha conseguiu dar-lhe um ritmo diferente mas muito belo. Lindíssimo!
Abraço vermelho!